O inferno são os outros.

Fiquei pensado essa tarde, o que, afinal, está acontecendo no planeta? Na verdade, o que as pessoas andam fazendo com o planeta? Por que temos esse instinto de auto-destruição? Por que destruímos aquilo que mais necessitamos? Poluímos o ar, a água, o solo... detruimos as nossas fontes de riqueza, não pensamos mais no futuro e nas gerações que ainda estão por vir... Por que diabos o homem se tornou tão egoísta? Não temos mais senso de continuidade, não temos mais identidade e nem mesmo sentido histórico para a nossa realidade. Não pensamos mais nos nossos filhos, apenas pensamos no aqui e no agora, na nossa satisfação pessoal. Seriam esses os traços do homem pós-moderno, ou seria apenas uma característica do ser humano a qual ficou mais evidente dentro do sistema em que vivemos? São questões para refletirmos um pouco. Não tenho a pretenção de tentar respondê-las, mesmo porque, para isso, seria necessário um estudo mais aprofundado da história em si, da psicologia e da sociologia. Essas três áreas juntas poderiam dar conta de pensar os porquês aqui questionados. O meu palpite seria dizer que nós seres humanos somos maus por natureza e a sociedade nos ajuda a ser cada vez piores. Cada um de nós é um fosso de egoísmo, de maldade, de inveja, de ódio pelo próximo, de rancor... Somos cada um o demônio do outro, ou como prefere Sartre, O inferno do outro. Privar-se do convívio social é um ato de extremo egoísmo, como apontam Deleuze e Guatari em O Anti-Édipo. No entanto, conviver com os outros é deixar-se massacrar, deixar-se humilhar, ofender, castigar; é se auto-destruir. Como então resolver essa questão? Eu sugeriria, como de costume, a auto-suficiência e a solidão. Entretato, essas soluções não são assim tão fáceis de se obter, pois vivemos em sociedade e todos nós precisamos dos outros para a nossa sobrevivência. Acretido que quase ninguém seria capaz de abandonar tudo para viver sozinho no meio do mato. Como sobreviver assim, sem um teto, sem dinheiro, sem nada? Infelizmente somos obrigados a nos submeter ao veneno dos outros. O mais correto, nesse caso, seria tornar-se um verdadeiro Estóico, viver numa constante apatia com o mundo. Ser imperturbável, ser impassivo e insensível.

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