Cheguei ao cúmulo de pensar que um dia eu poderia me reconciliar com o mundo. Achei que um dia eu perdoaria as pessoas pelo mal que elas me fizeram e as pessoas me perdoariam também. Pensei que um dia poderíamos todos viver em perfeita harmonia, recitando poemas juntos, cantando velhas canções, recuperando o tempo perdido... Mas não! Todos continuam a fugir, pelo medo, pelo orgulho, pelo preconceito... Sim, hei de admitir que eu errei em pensar assim, fui otimista, demasiadamente otimista. Hoje vejo-me novamente só, desiludida e cansada. Morreram em mim todas as espernças. Acho que finalmete serei capaz de amputar o membro doente e necrosado de meu corpo. Ele fará falta para sempre, mas ele jamais há de se recuperar dessa doença maldita! Assim serei apenas uma aleijada infeliz, não mais uma doente em busca do conforto dos amigos. Ficarei só, permanecerei em silêncio.

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