De quem é a culpa?

Genética e história tortuosa de vida fundem-se em um mesmo impasse. Felicidade? Esperança? Justiça? Nunca poderia acreditá-las, são tão incertas e tão improváveis quanto a existência de uma ordem que regulamenta o mundo. Caos? Talvez apenas caos. Não há saída, a vida é um labirinto onde alguns conseguem encontrar a saída e outros ficam presos nos becos sem saber o que fazer. Tenho erguido as mão em clamores e blasfêmias contra essa mão misteriosa e vaga que traçou o meu destino, destino cruel, crime absurdo, o crime de nascer. Gritei e percebi que não havia mão alguma, e que meus gemidos eram em vão ecoados ao nada. Desisti. Culpei a genética, é muito mais fácil botar a culpa em alguém ou em alguma coisa do que assumir o que se é. Sou essa maldita genética então. Sou essa funesta combinação de átomos e células e nervuras neurais que insistem em Existir! Não se pode mudar a genética, nem a história de vida. Escolhi a estagnação. Sem expectativas, sem vontades e sem ânimo. Um corpo que insiste em não morrer, mas que continua a caminhar, talvez em busca de um horizonte perdido, caçando as pedrinhas que encontra no meio do caminho, os restos, o lixo alheio.

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