Um gosto amargo de desesperança jorra em minha boca

Um gosto amargo de desesperança jorra em minha boca. Sinto-me usada, prostituída e jogada fora, como se fosse um papel higiênico. Tive de limpar a casa, enfrentar vários tropeços para me manter viva, e agora sou descartada sem mais e nem menos. Qual a desculpa que ouvi por ser demitida? Que eu andei faltando muito! Pois bem, faltei 5 dias consecutivos graças a uma gripe que tive nesse semestre. Tudo devidamente atestado por médicos. 

Toda a minha angústia, minha amargura e meu desassossego sempre ficaram dentro de mim e no meu blog... jamais traspassei isso a ninguém, a não ser a poucas pessoas que conheço bem. Depressão foi uma doença que me pegou, mas jamais a usei como desculpa, eu a engoli sempre a seco, pois precisava manter minha vida de alguma forma. Não quero mais essa vida de dar aulas para essas verdadeiras máquinas caça-níqueis, que são essas universidades uni-esquina. Tenho propriedade para dizer que são minas de dinheiro, pois de onde vim podia ver nitidamente isso. Em poucos anos, o dono da tal uni abriu vários outros campi em lugares estrátégicos. Além disso, comprou alguns shoppings em São Paulo e Guarulhos, e de onde veio toda essa verba? De nós, professores mal-pagos e de alunos semi-analfabetos (uma boa parte para não generalizar)..

Sinto agora um desgosto tão grande, pois foram praticamente dez anos de minha vida nisso. Vendo todas essas coisas podres acontecendo sem poder fazer nada. E agora chegou a minha vez de ser descartada, assim como tantos outros professores... será que não sirvo mais para eles porque agora possuo título de mestre e, sendo assim, eles deveriam me pagar mais? Eu realmente não entendo. E a única certeza que tenho é que não mais quero saber dessas instituições quase-financeiras.

Estou triste e, ao mesmo tempo, aliviada. Mas ainda me restam as contas a pagar. Todos me dizem que tenho um bom currículo e que não me faltará emprego. Mas acho que não quero mais isso para a minha vida. Não sei o que fazer...

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