Barbárie mundana


Tempos de decadência. na Europa manifestações populares contra medidas injustas aos trabalhadores. No Rio de Janeiro uma guerra civil entre milícias, traficantes e forças armadas. Tragédias sem fim emolduradas na televisão nossa de cada dia. Quem pode falar em esperança em um mundo cada vez mais brutal, violento e injusto? O comercial de uma marca famosa de chicletes anuncia na televisão que em pouco tempo a população da terra irá dobrar. Mas o comercial, que obviamente quer vender seu produto, ressalta que teremos mais loiras de patins, mais músicas, mais alegria... Uma verdadeira zombaria, um soco no meio de nossas caras. Se nosso mundo está esse caos todo pelo grande índice populacional agora, imaginem o dobro de gente no mundo? Mais favelas? Mais traficantes? mais desemprego? Isso ninguém fala na TV. Enquanto isso as massas se distraem com novelas baratas, com telejornais completamente parciais, com notícias quebradas ao meio. Informação sem conhecimento algum. 

A luta pela sobrevivência está cada vez mais acirrada. Cada um se vira como pode, e os que não querem fazer parte dessa luta toda? Frustração, doenças psíquicas e ataques cardíacos. Síndrome do pânico, depressão, diabetes e pressão alta. Resultado de uma vida degradante e cheia de açúcar nas prateleiras do mercado. Cheia de gorduras e hormônios nas carnes dos bichos comercializados a todo o vapor para alimentar o tédio de um dia frustrante. "melancolias, mercadorias" já dizia Drummond, "espreitam-me".e como revoltar-se sem armas? será que hoje haverá baile funk no Rio? Será possível alguém pensar em se divertir no meio desse caos? Daqui alguns dias, seremos nós também atacados pelo PCC em São Paulo? E a paulicéia desvairada continua sua busca por dinheiro, emprego, sucesso. Não se pode olhar para os acontecimentos do mundo sem temer o futuro. Não se pode dormir a noite temendo que alguém jogue um coquetel molotov no seu carro, ou no seu ônibus, ou na sua casa. Se deus realmente existisse, permitiria ele tantas atrocidades? Não me refiro apenas ao que ocorre agora, nem no passado, mas o que nos aguarda no futuro. Não sei se haverá uma "limpa" no planeta e todos nós, inteligente, feios, bonitos, dementes, estamos sujeitos a isso. A sofrer e morrer pela espada afiada da barbárie. O que nos resta? Dormir e esperar o primeiro estalo de uma terceira guerra? Ou sonhar com um pretenso mundo melhor?

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